1 - Neste livro o historiador Andrew Hatman analisa como a história dos EUA foi marcada por uma série de debates sobre a ideia dominante de “América” marcada pelo enigma de Hector St. John de Crevecoeur de 1782: "O que é então o americano, esse novo homem?" Disputas sobre essa questão complicada marcaram o campo de batalha do conflito cultural americano e se intensificaram nos anos de 1960, em meio a um contexto turbulento marcado por crescimento econômico, Estado de bem-estar social, guerra do Vietnã, movimentos contra a guerra, repressão às manifestações, ascensão de intelectuais secularistas e questionamentos às normas sociais tidas pelos movimentos contraculturais como conservadoras. Deste contexto turbulento surgem a Nova Esquerda, grupo político que colocou questões morais à frente das lutas econômicas e de classe, e os Neoconservadores, grupo de direita que reagiu às relativizações que a Nova Esquerda vinha fazendo em relação às normas sociais. O objetivo do livro é uma tentativa de dar sentido a esta guerra cultural que se formou entre os defensores dos dois grupos.
2 – O que mais chamou a minha atenção no livro é que o autor explora vários fatos históricos trazendo à luz autores, políticos e figuras centrais de ambos os lados do espectro político, como Charles Wright Mills e Daniel Patrick Moynihan, sem distorcer suas ideias e intenções. Com muita precisão e quantidade de detalhes o autor mostra como ambos os grupos travaram a guerra cultural desde os anos 1960 se posicionando sobre gênero e sexualidade, sobre a história dos EUA e sua política externa, sobre as questões raciais e os direitos civis, sobre o feminismo e a família, sobre educação e universidade, sobre arte e contracultura mostrando como estes âmbitos da vida social se transformaram em verdadeiras trincheiras em meio aos conflitos morais.
3 – Este livro traz, em riqueza de detalhes, quais foram os principais temas e a matéria-prima dos conflitos morais nos EUA, focando nos questionamentos levantados pela Nova Esquerda a respeito da necessidade de desconstruir os “americanos normativos”, ao que se seguiu a reação dos Neoconservadores que tentavam preservar uma América da qual não havia motivos para se envergonhar. O livro se relaciona com a disciplina porque explica quando, como e por quais mentes as guerras culturais alcançaram outro patamar na principal democracia do planeta.