1 - James Hunter, escrevendo depois de seu livro Culture Wars, reafirma a sua tese sobre a existência de uma "guerra cultural" nos Estados Unidos e em outros países ocidentais. Essa guerra cultural consistiria numa intensa disputa normativa sobre temas morais que polarizaria certos grupos de americanos. O interessante é que, para Hunter, o fato de boa parte da população americana não se alinhar de forma consistente e apaixonada entre os lados da disputa , não consiste propriamente numa objeção contra a existência das chamadas guerras culturais. Pois entende que essa disputa normativa é travada entre grupos de "elite", que justamente, são dotadas dos recursos necessários para a influenciar e produzir a cultura nos cargos responsáveis pela sua produção e difusão. Entende que é justamente esse pequeno grupo, dividido na guerra cultural ,que detém um poder desproporcional de influência sobre a sociedade.
2 - O fato das pesquisas dos EUA mencionadas por Hunter corroborarem as pesquisas recentes feitas no Brasil, de que é apenas uma pequena parcela da população que se engaja ativamente nas disputas normativas denominadas por Hunter como "guerras culturais", enquanto que a maioria da população não se posiciona de forma apaixonada sobre todos esses temas morais.
3 - Nos últimos anos surgiu uma grande literatura propondo um estado de crise nas democracias liberais ocidentais. Entendo, junto com a linha defendida pelo Professor na disciplina, que não se trata propriamente de uma crise das democracias, mas que, na verdade, por trás desse fenômeno há uma intensa disputa normativa sobre temas morais que polariza boa parte dos grupo de "elite". Igualmente, tendo a me alinhar também com a posição de Hunter, de que o fato de boa parte da população estar alheia à chamada guerra cultural não pode servir de objeção contra a sua existência, pois ela é justamente travada entre esses grupos de "elite", que possuem as ferramentas necessárias para moldar o debate publico, fornecer o vocabulário para o grande público , como afirma Hunter, ocupar os postos que possuem poder e influências desproporcionais.