Comentário Haidt

por Gabriel Calçada Barros da Silva (202500047) -

1 - Haidt descobriu que  os chamados conservadores e progressistas possuem divergências profundas nos temas mais variados porque mobilizam alicerces morais essencialmente diferentes. Enquanto os progressistas tendem a mobilizar mais os eixo cuidado\dano e liberdade\opressão, os conservadores tendem a mobilizar todos os seis eixos morais.

2 - O fato de estudos como o de Haidt, Kahneman e Damásio colocarem em xeque a dicotomia razão e emoção, que norteava todo o pensamento anterior.

3 - Na linha defendida pelo Professor na disciplina, entendo que não estamos diante propriamente de uma crise da democracia, pois nenhuma parte relevante dos lados em disputa aparentemente deseja outra forma de governo, às vezes o contrário, os populistas da atualidade querem na verdade aprofundar esse elemento por meio de mecanismos diretos de participação popular. Trata-se, isso sim, de uma crise do aspecto liberal das democracias liberais, aqui entendido como freios, limites aos poderes do governo. Por trás da crise desse aspecto liberal, como o Professor argumenta, há na verdade um conflito moral profundo, que normalmente opõe, grosso modo, uma moralidade conservadora e uma moralidade progressista. O que Haidt traz de novidade para essa equação é a sua descoberta de que conservadores e progressistas, como visto, mobilizam eixos morais completamente diferentes em seus julgamentos. Assim, só podemos concluir, que o senso moral dos lados em disputa é inconciliável, incompatível, portanto, a polarização moral e política da atualidade é inevitável.

Comentário sobre o texto de Jonathan Haidt "A mente moralista: por que as pessoas boas se separam por política e religião"

por Tiago Mazeti (202500052) -

1 – O autor constrói um raciocínio baseado em suas pesquisas sobre a moralidade como o resultado de múltiplos intuitos morais que operam quase automaticamente, levando a razão a justificar decisões já tomadas pelos sentimentos. Isso implica muitas dificuldades para compreender a moralidade humana, pois esta seria multifacetada. Tentando dar sentido e inteligibilidade às suas múltiplas faces, Haidt apresenta os alicerces morais através dos quais os seres humanos entenderiam as circunstâncias sociais e expressariam as construções morais, segundo ele feitas de improviso, que guiam as atitudes. São elas cuidado/dano, justiça/trapaça, liberdade/opressão, lealdade/traição, autoridade/subversão e pureza/degradação.

2 – Chama a atenção a afirmação do autor de que os progressistas mobilizariam prioritariamente os três primeiros alicerces, enquanto os conservadores se pautam em todos os seis, porém mais fortemente nos três últimos. Então progressistas lidariam mais com Cuidado/dano, Justiça/trapaça e Liberdade/opressão. Já os conservadoresdão um peso maior para Lealdade/traição, Autoridade/subversão e Pureza/degradação, porém, mobilizando, mesmo que não na mesma intensidade, os seis pilares o grupo conservador obtém vantagem sobre o grupo progressista, pois expressariam, mesmo que de outra forma, algumas preocupações que os progressistas também apresentam, mas estenderiam a sua influência ao expressar outras preocupações e ideais sobre aspectos da vida social desprezados pelos progressistas, mas importantes para a maioria das pessoas. Claro que estas questões não são tão bem delimitadas e definidas quanto exposto no livro e deve ser possível pensar em zonas de intersecção entre estes alicerces, como por exemplo entre cuidado/dano e pureza/degradação, mesmo entre progressistas. Mesmo assim, me parece ser um trabalho relevante para entender como os valores morais se formam e como se diferenciam dos raciocínios improvisados feitos para validar atitudes e julgamentos.

3 – O trabalho do autor se relaciona com o tema das crises da democracia e dos conflitos morais porque busca explicar quais os mecanismos emocionais e racionais atuam na formação da moralidade humana com foco nas diferentes percepções entre progressistas e conservadores. Diante da análise desse trabalho se apresenta mais uma alternativa teórica de compreensão do fenômeno que se encontra no centro da disciplina.