Grupo 3 - Ana Carolina Alves Cardoso, Eliza Roberta Alves Gilioli, Keila Urnau, Letícia Mello, Sofia Sauer, Vanessa
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
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Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
O trabalho foi muito bem apresentado, todas as integrantes apresentaram ter um bom domínio do conteúdo, o que faz a aula fluir bem. Acredito que poderiam ter se organizado melhor na distribuição das falas, no demais, a dinâmica foi muito bem elaborada e extremamente enriquecedora.
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
A forma como as colegas planejaram e conduziram a aula foram bem boas em geral. Na minha opinião, a aula teve dois grandes momentos:
O primeiro foi quando a colega pediu para que nós imaginassemos uma empregada doméstica e, a partir, daí prosseguiu com a discussão que vinha fazendo. Essa estratégia didática foi excelente, tendo em vista que o racismo estrutural opera muito mais no plano do inconsciente do que da consciência. Nesse sentido, ao colocar-nos de frente com nosso próprio pensamento, acabou nos encurralando, fazendo a gente refletir através desse exemplo, dessa forma como o racismo estrutural opera, ao construir vinculações entre o fenótipo da pessoa e sua posição social e de classe.
O segundo momento foi a oficina. Ao trazer a dança para a aula, tudo aquilo que vinha sendo falado foi sentido pelos estudantes. Nesse momento, a gente se defrontou com nossa subjetividade, com a forma com que lidamos com nosso corpo e com as marcas da nossa criação, da nossa cultura em geral.
Penso que a exposição inicial da aula poderia ter sido mais enxuta e objetiva. Pelo que percebi, a colega acabou passando do tempo previsto de exposição, o que gerou menos tempo para as outras exposições e para a própria oficina que, pelo que entendi, era a estratégia principal da aula. Passar do tempo para adicionar elementos importantes que não foram previstos na aula é algo normal. Mas creio que o que ocorreu foi uma dificuldade na organização do pensamento e de exposição dele.
Além disso, senti falta de um tratamento mais cuidadoso e mais didático dos conceitos de subjetividade, objetividade, território, colonial, decolonial, etc. Não podemos, principalmente no ensino médio, pressupor que os estudantes conhecem plenamente os conceitos trabalhados em aula. Por isso, devemos tratar eles com bastante cuidado antes de querer adicionar informações subsidiárias à exposição central dos argumentos. Tratar os conceitos com cuidado não significa citar os autores que os criaram ou mesmo de fazer uma exposição teórico-cientifica, no mesmo nível do Ensino Superior. Significa antes de tudo, tornar os conceitos mais operacionalizantes para o restante da aula e da própria dinâmica central (oficina de Carimbó). O tempo que foi a mais na exposição inicial foi a menos na oficina, e poderia ter sido utilizado, inclusive, para os estudantes falarem sobre como sentiram e compreenderam suas subjetividades na hora da dança.
No mais, embora as colegas, no geral, fizeram uma aula "decolonial", penso que no tocante aos recursos teóricos faltou mais critério. Uma tendência comum que vejo nos estudos que articulam corpo, raça, violência e Estado é a utilização de Michel Foucault como referencial teórico. As vezes, acho que ele é jogado na roda apenas por ser um autor da moda no tocante a esses temas. Não estou dizendo que uma aula decolonial deva deixar de usar autores europeus como fonte teórica, isso seria tolice, mas penso que os autores europeus devem ser utilizados tendo em vista a funcionalidade que apresentam para o tema da aula, e não apenas porque estão na moda, sendo citados e falados nos corredores da universidade. Temos que nos vigiar, pois, um dos sintomas do colonialismo intelectual é a citação de europeus apenas porque são consagrados. Dito isso, penso que a ideia de hexis corporal de Pierre Bourdieu casa muito mais com o tema da aula do que Michel Foucault. Bourdieu fala das disposições comportamentais e fisiológicas que os sujeitos adquirem a partir do habitus, que refletem a maneira de andar, de falar, de interagir, de dançar, de praticar esportes, etc. Ou seja, ele basicamente fala sobre como as estruturas (objetivadas) marcam as subjetividades dos sujeitos no seu corpo e comportamento. Acho que essas noções seriam muito mais operacionalizantes para a oficina e para os temas da aula.
Ademais, agradeço às colegas pela aula, me diverti e refleti bastante sobre os temas tratados e vou levar a dinâmica trazida pra minha vida profissional e pessoal.
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
Outro ponto importante é que ficou nítido o desconforto do grupo na apresentação, principalmente pela introdução ter levado mais tempo do que o conteúdo e oficina, talvez seja legal reavaliar a divisão de tempo na próxima (em respeito ao coletivo), senti que foi um improviso que custou o tempo das outras atividades. Falar de corpo subjetivo, principalmente do corpo subjetivo negro, é um desafio gigantesco, num geral foi uma ótima aula, não só pelos ensinamentos teóricos por si só, mas pelo que foi ensinado com os corpos ali na frente. O tema do grupo ter relação familiar com uma das colegas foi bem emocionante e a poesia no final fechou com chave de ouro. Super talentosas, parabéns.
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
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Os objetivos são bem estruturados, destacando reflexões sobre descolonização, política por meio da arte e reconhecimento das potencialidades do corpo. A inclusão do carimbó como eixo central é uma escolha significativa, pois integra elementos históricos, culturais e emocionais de forma prática e teórica.
A sequência didática, que inclui exposição teórica, exibição de documentário e uma oficina prática, promove um aprendizado dinâmico e participativo. O debate e as reflexões propostas, como a análise de aspectos subjetivos na música e na dança, enriquecem a compreensão dos alunos sobre o tema, ao mesmo tempo em que incentivam a valorização de práticas culturais afro-brasileiras.
A avaliação, baseada na criação coletiva de uma manifestação artística, é coerente com os objetivos da aula. Ensinar movimentos básicos de carimbó e estimular os alunos a criarem suas sequências promove uma vivência prática que reforça o conteúdo teórico. Além disso, a conexão entre movimento circular, natureza e ancestralidade proporciona uma dimensão simbólica profunda ao aprendizado.
Como sugestão, seria interessante incluir um momento para os alunos compartilharem suas percepções pessoais sobre o aprendizado durante a oficina, ampliando ainda mais o espaço de reflexão e fortalecimento do pertencimento cultural.
O plano de aula é uma ferramenta bem estruturada para abordar a subjetividade negra e as manifestações culturais no contexto escolar. Ele promove uma articulação equilibrada entre teoria e prática, criando um ambiente de aprendizado crítico, criativo e inclusivo. A apresentação destacou-se pela valorização de outras culturas, exemplificada por atividades como a dança, que enriqueceram a experiência educativa. O encerramento de descontração reforçou a conexão entre os alunos e o conteúdo apresentado, demonstrando grande potencial para envolver e conectar os estudantes do ensino médio.
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
O grande acerto da aula foi a oficina de Carimbó. Além de proporcionar que os estudantes vivenciem as questões do corpo e da subjetividade expostos na primeira parte da aula, acredito que utilizar de uma dança típica da região norte do Brasil que se origina a partir de práticas indígenas é uma forma de se contrapor às imposições da indústria cultural que produz uma subjetividade alienada da realidade em que se constitui e se dissemina e a escola é um excelente local para exercitar essa prática.
Parabéns ao grupo!
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
A oficina de carimbó foi especialmente marcante, proporcionando aos alunos uma vivência interativa do tema. A dinâmica conectou teoria e prática, incentivando reflexões sobre o corpo e a subjetividade, além de promover um aprendizado mais profundo. No entanto, poderia haver maior clareza nos critérios de avaliação da participação e um tratamento mais didático de conceitos centrais, como colonialidade e subjetividade, para potencializar ainda mais o impacto da aula. No geral, o trabalho foi muito bem estruturado. Parabéns!
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
Re: Plano de Aula - Corpo e Subjetividade Negra
Como a Shirlei já disse aqui "expressões artísticas como formas de resistência, conexão com ancestralidade e afirmação identitária", se fazem necessárias, principalmente dentro do campo academicista em que estamos inseridas. E assim, acredito que esse tipo de dinâmica é essencial para compreendermos esse tipo de material teórico. Talvez seja a minha grande crítica das Ciências Sociais da UFSC, pouquíssimas dinâmicas interativas e MUITA carga teórica, acabam deixando a experiência um pouco 'falha' e entristecida.
A parte da historicidade com a constituição desse sujeito e o “torna-se negro” me fizeram refletir muito, principalmente pela provocação colocada pela colega: o “rosto” como uma imagem construída, produzido e operado pelo sistema desumanizador em que vivemos, pensando no contexto brasileiro, pertuado por muitos marcadores sociais e culturais.
Carol, nossa historiadora: obrigada por trazer tuas raízes nesse 'corpo-território', a dança em roda é sempre uma conexão ancestral, né? Importante pensar que o Carimbó também pensa outras religiões de matriz africana como a Umbanda.
Por fim, uma poesia para romper as fissuras e fraturas deixadas pelo processo colonizador. Obrigada ELiza, é sempre bom te ouvir.
Acho que é uma das aulas que ficara marcada na vida da galera do ensino médio/universidade, ein. Parabéns!