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Atividade 1 - Expressão Artística

Atividade 1 - Expressão Artística

por Isadora Broering Fortes de Mattos (21202726) -
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Thiago de Mello (1926-2022) foi um poeta amazonense que, durante a ditadura militar, foi obrigado a se exilar no Chile, Argentina, Alemanha, França e depois em Portugal. Em 1958, iniciou sua carreira diplomática na embaixada do Brasil na Bolívia, mas em 1964, por conta de suas discordâncias quanto ao regime instaurado no Brasil, renuncia de seu cargo na embaixada no Chile e volta para o Brasil. Já em 1965, é preso por um mês no Rio de Janeiro após uma manifestação e, em 1966, é forçado a sair do Brasil e volta para o Chile, onde fica até 1973, quando também é forçado a sair do país por conta do golpe militar (Itaú Cultural, 2024).

As obras de Thiago de Mello apresentam uma tom político e de preocupação social, representando a mistura dos sentimentos de saudades do país deixado para trás, de luta e indignação no presente e de esperança por um futuro melhor. Dentre suas obras, destaca-se o livro ‘’Faz escuro mas eu canto’’, publicada em 1965, que expressa seus sentimentos e percepções sobre o início do período militar, e ‘’Poesia comprometida com a minha e a tua vida’’ (1975), que marca em texto seu período de exílio. De acordo com Rolon (2015, p. 176),
’O tom afinado e afiado do poeta demonstra seu compromisso com os miseráveis, com os oprimidos e com os subjugados. Objetivando atrair o leitor para despertar nele consciência política, a poesia de Mello torna-se verbo que se materializa em forma de percepção da realidade.’’

A partir das obras e vida de Thiago de Mello, é possível compreender com clareza o período do regime militar brasileiro. Como exemplo, trago aqui um trecho de ‘’Canção do Amor Armado’’. Escolhi esse poema pois acredito que ele consegue marcar a dor de uma população que teve seus direitos retirados, mas também a esperança do povo de encontrar novas ‘’armas’’ para lutar pela sua liberdade.

De canto e de paz é o povo,
quando tem arma que guarda
a alegria do seu pão.
Se não é mais a do voto,
que foi tirada à traição,
outra há de ser, e qual seja
não custa o povo a saber,
ninguém nunca sabe o tempo
que o povo tem de chegar.
O povo sabe, eu não sei.
Sei somente que é um dever,
somente sei que é um direito.
Agora sim que é sagrado:
cada qual tenha sua arma
para quando a vez chegar
de defender, mais que a vida,
a canção dentro da vida,
para defender a chama
de liberdade acendida
no fundo do coração.

Poema completo aqui: https://gilvander.org.br/site/%EF%BB%BFpoema-cancao-do-amor-armado-de-thiago-de-mello/

Referência:
ROLON, Renata Beatriz B., Thiago de Mello e José Craveirinha: contatos e ressonâncias em ecos libertários. Revista Ecos, vol.25, Ano 15, n° 02, 2018. Disponível em: https://periodicos.unemat.br/index.php/ecos/article/view/3314

Enciclopédia Itaú Cultural. Thiago de Mello. 2024. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa2877/thiago-de-mello#:~:text=Com%20o%20recrudescimento%20da%20ditadura,Allende%20(1908%2D1973).

Outros textos:
Thiago de Mello, às margens do Rio do Exílio - para compreender suas obras durante seu período exilado (https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/41977);

Além de ‘Os Estatutos do homem’: Relembre as obras marcantes de Thiago de Mello - texto do Portal Amazônia sobre algumas obras do autor (https://portalamazonia.com/amazonas/alem-de-os-estatutos-do-homem-relembre-as-obras-marcantes-de-thiago-de-mello/).